Relato de participação em Viagem de Construção do Conhecimento com foco em reflexões e análises sobre o projeto de construção do Complexo Hidrelétrico do Tapajós.
Agosto e setembro de 2014
Neste relato, me remeto inicialmente a um olhar metodológico desta experiência – desde o chamado até o final da expedição.
A tônica desde o início do planejamento foi a construção participativa com os membros que se apresentaram para embarcar nessa aventura. Não sei ao certo quantos meses duraram os preparativos quando acordamos junto os interesses prioritários do grupo sobre: o próprio estudo, o roteiro de viagem, o balanceamento entre os momentos de estudo, lazer e contemplação. Nessa fase já nos sentíamos viajando e iniciando a conexão com o bioma amazônico onde iríamos mergulhar.
Essa construção conjunta nos acompanhou o tempo todo da viagem. Partilhamos cada decisão que se fazia necessária diante de imprevistos que surgiam, assim como desvios do roteiro original quando necessário. Éramos partícipes atuantes e construtores de uma proposta que se inaugurava.
O que mais me entusiasmou foi conhecer de perto, viver e trocar a experiência de se envolver, se emocionar com os povos da Amazônia e com suas lutas que travam desde sempre, na defesa de seus modos de vida.
A questão central de nosso estudo “Reflexões e análises sobre o projeto de construção do Complexo Hidrelétrico do Tapajós” foi sendo tratada ao mesmo tempo em que tomávamos contato com a história dos povos indígenas e ribeirinhos do Tapajós. Fomos conhecendo e ouvindo a respeito das marcas que os diferentes processos de exploração daquele território foram deixando no ambiente e na população que ali vive. Ouvimos muito! Essa escuta somada a vivência concreta que tivemos naquele território me possibilitou enxergar com maior clareza duas coisas: a trajetória secular de destruição de riquezas ambientais, culturais e humanas dos vários processos de desenvolvimento que o país vem escolhendo (Ciclos da borracha, da Madeira, do Ouro…) e a responsabilidade de cada um de nós cidadãs e cidadãos brasileiros nesse processo.
Os momentos de reflexões no barco enquanto navegávamos pelo Tapajós nos deslocando de um canto a outro foram preciosos para trocarmos, percepções, sensações e emoções vivenciadas. Era também quando refletíamos sobre o que fazer? Sobre as possibilidades de contribuição e engajamento de cada um de nós. A troca nesses momentos foi imensamente rica!
Enfim! A experiência desperta na gente muito além do conhecimento racional! Desperta emoções e sentimentos poderosos que misturados com uma sensação de tristeza profunda, impotência e revolta apontam para movimentos criativos (individual e coletivo), que pode se transformar em motor para diferentes ações concretas. A aposta parece ser esta!
Além de proporcionar uma CONEXÃO de meu ser – HUMANO – com a NATUREZA da qual todos nós fazemos parte! Re- aprender a captar seus sinais nos mínimos detalhes e valorizar isso dentro e fora de mim.
Tudo isso!!!
Muita Gratidão!!!
Nahyda Franca Von der Weid
Educadora Ambiental, Pesquisadora e Coordenadora do Ibase/Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Rio de Janeiro.